Maranhense de 81 anos citou influência de Drummond em seu trabalho.Feira Nacional do Livro em Ribeirão Preto vai até 3 de junho.
Para um encontro sobre poesia, Ferreira Gullar começou afiado sobre o 
próprio ofício: “Poesia não está valendo nada no mercado”, disse o 
maranhense de 81 anos, durante conferência na Feira Nacional do Livro de
 Ribeirão Preto (SP) nesta quarta-feira (30). Porém a frase logo foi 
completada, para ficar claro que se tratava de uma ironia: “Mas tem 
muita coisa no mercado que não vale nada”, afirmou o autor do polêmico 
"Poema Sujo", escrito durante exílio na Argentina em 1976, dentre outras
 obras, como "Barulhos" (1987) e o ensaio "Teoria do não-objeto" (1959).
Nessa mistura de sarcasmo e metáfora, o jornalista relembrou passagens 
da juventude que influenciaram sua arte, sobretudo a incursão na obra de
 Carlos Drummond de Andrade. Ao ler poemas "estranhos" do modernista 
contidos no livro “Poesia Até Agora”, Gullar deixou de lado, ainda 
jovem, os sonetos praticados por influência de portugueses como Luís Vaz
 de Camões e Bocage.
Estes, segundo ele, faziam parte de um mundo ideal, enquanto Drummond 
era a manifestação de uma poesia sobre a realidade. “Fui obrigado a 
reinventar a minha linguagem, sem rima e sem métrica”, disse, sobre o 
momento em que, aos 20 anos, abandonou o modo parnasiano com que 
produzia seus textos. “A poesia era uma coisa nova, era de espanto.”
"Macondo"Durante o encontro em Ribeirão, Ferreira 
Gullar comparou a São Luis (MA) de sua infância com a lendária Macondo, 
cidade narrada pelo colombiano Gabriel García Márquez no clássico “Cem 
Anos de Solidão”. “Eu nasci onde tudo acontece cem anos atrasado”, 
afirmou, a respeito da lentidão com que as tendências artísticas, 
sobretudo o modernismo, chegavam à capital do Maranhão na época. “Quando
 me meti com poesia, o movimento de 1922 passava longe de lá.” 
fonte: g1

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