No recôndito divino, é possível recomeçar e transformar, fazer e acontecer, construir e inovar
Um dos museus de Washington, a capital americana, é dedicado às conquistas espaciais. Nele, é possível comprar curiosidades como trajes e vitaminas usados por astronautas, conhecer a réplica perfeita da Apolo 11, a espaçonave que levou o homem pela primeira vez à Lua e, entre muitas outras atrações, ver um pedaço de pedra lunar. Forma-se uma fila para tocar essa rocha, o que é possível através de um orifício na redoma que a protege.
Esse deslumbramento pela pedra lunar repetiu-se, em outra dimensão, com a eleição do 44º presidente dos Estados Unidos. Barack Obama, descrito pelo influente New York Times como “filho de mulher branca e homem negro, pouco conhecido, criado pelos avós longe dos centros americanos do poder e da riqueza”, tem sido alvo de muito otimismo. A impressão é de que ele abre uma nova perspectiva – inclusive a de esmagar o preconceito racial que já foi marca registrada nos EUA. Mas lá, como cá, é necessário descobrir, redescobrir ou perceber que a grande marca de um ser humano é o seu caráter, que nada tem a ver com genética.
Se no livro das origens temos a descrição da Criação de uma forma poética, metafórica e inteligente, formatando o bereshith (“no princípio”), no Big-Bang temos a grande explosão para explicar, através da ciência, como teria sido esse princípio. Uma hipótese, como diriam os cientistas. Talvez sem perceber, físicos e teólogos se dão as mãos quando se voltam para o passado. Para o teólogo, a Criação é a vontade divina; para o físico, a origem – ou seja, o gênesis - teria sido um acidente. Vontade de Deus ou acaso?
Curiosamente, os enigmas do passado configuram o futuro, também reduzido a uma hipótese. Obama veio ao mundo na mesma época em que John Kennedy era assassinado em Dallas e Jânio Quadros renunciava à presidência da República no Brasil. Quem poderia imaginar tais fatos? Disse o novo presidente, ao falar à nação pela primeira vez após ser eleito: “Neste país, avançamos ou fracassamos como uma só nação, um só povo”. Lembrou um antecessor famoso: “Como disse Abraham Lincoln a uma nação muito mais dividida que a nossa, não somos inimigos, mas amigos. Embora as paixões gerem tensão, não devem romper os laços de afeto”.
As imagens traçadas por Obama são bíblicas. Podemos sempre aprender com elas. Intencionalmente ou não, as duas frases embutem a fusão “uma só alma, um só coração”, expressa em Atos 4.32. A grande marca da Igreja primitiva era a pregação pela união, ou seja, o ensinamento das Escrituras asseverando que uma casa não pode ser dividida.
O futuro é incerto, não só para o sempre inesperado comportamento humano como para os fenômenos do universo. A vitória de Obama é histórica. Nada, porém, de ilusões: as mudanças acontecerão ou não. Os semeadores são peregrinos, e não itinerantes. Fé e esperança, como está claro na primeira Epístola de Pedro, estão ligadas a Deus, como se fossem recôndito divino, onde é possível recomeçar e transformar, fazer e acontecer, construir e inovar.
Percival de Souza
Esse deslumbramento pela pedra lunar repetiu-se, em outra dimensão, com a eleição do 44º presidente dos Estados Unidos. Barack Obama, descrito pelo influente New York Times como “filho de mulher branca e homem negro, pouco conhecido, criado pelos avós longe dos centros americanos do poder e da riqueza”, tem sido alvo de muito otimismo. A impressão é de que ele abre uma nova perspectiva – inclusive a de esmagar o preconceito racial que já foi marca registrada nos EUA. Mas lá, como cá, é necessário descobrir, redescobrir ou perceber que a grande marca de um ser humano é o seu caráter, que nada tem a ver com genética.
Se no livro das origens temos a descrição da Criação de uma forma poética, metafórica e inteligente, formatando o bereshith (“no princípio”), no Big-Bang temos a grande explosão para explicar, através da ciência, como teria sido esse princípio. Uma hipótese, como diriam os cientistas. Talvez sem perceber, físicos e teólogos se dão as mãos quando se voltam para o passado. Para o teólogo, a Criação é a vontade divina; para o físico, a origem – ou seja, o gênesis - teria sido um acidente. Vontade de Deus ou acaso?
Curiosamente, os enigmas do passado configuram o futuro, também reduzido a uma hipótese. Obama veio ao mundo na mesma época em que John Kennedy era assassinado em Dallas e Jânio Quadros renunciava à presidência da República no Brasil. Quem poderia imaginar tais fatos? Disse o novo presidente, ao falar à nação pela primeira vez após ser eleito: “Neste país, avançamos ou fracassamos como uma só nação, um só povo”. Lembrou um antecessor famoso: “Como disse Abraham Lincoln a uma nação muito mais dividida que a nossa, não somos inimigos, mas amigos. Embora as paixões gerem tensão, não devem romper os laços de afeto”.
As imagens traçadas por Obama são bíblicas. Podemos sempre aprender com elas. Intencionalmente ou não, as duas frases embutem a fusão “uma só alma, um só coração”, expressa em Atos 4.32. A grande marca da Igreja primitiva era a pregação pela união, ou seja, o ensinamento das Escrituras asseverando que uma casa não pode ser dividida.
O futuro é incerto, não só para o sempre inesperado comportamento humano como para os fenômenos do universo. A vitória de Obama é histórica. Nada, porém, de ilusões: as mudanças acontecerão ou não. Os semeadores são peregrinos, e não itinerantes. Fé e esperança, como está claro na primeira Epístola de Pedro, estão ligadas a Deus, como se fossem recôndito divino, onde é possível recomeçar e transformar, fazer e acontecer, construir e inovar.
Percival de Souza
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