O que me dói...

O que me dói é saber que os coronéis eclesiásticos formam um quartel general bem estruturado, trajado, fortemente armado, de igrejas ditas "evangélicas".

O que me dói é saber que as massas são facilmente apanhadas em armadilhas bem feitas, tipo aquelas de menino para aprisionar passarinhos, mas, infelizmente a "isca" principal neste caso é a bíblia sagrada e o alvo principal são almas errantes, distantes da verdade.

O que me dói é saber que o que é "pregado" nos templos não passa de teorias formadas em livros de auto-ajuda, obras de neuro linguística e persuasão bem decoradas, revestidas com versículos aleatórios e apimentadas com jargões repetitivos, claro não podemos nos esquecer das promessas, infinitas promessas de bênçãos e curas, nada mais, como se o Evangelho se resumisse a isso.

O que me dói é saber que valores astronômicos são gastos em horários nobres da televisão para a divulgação do "evangelho", enquanto crianças morrem de fome, sede no nordeste brasileiro, enquanto as garras da prostituição infantil se apossa de meninas dos estados do norte.

O que me dói é saber que os cultos hoje se resumem a "visões", "música", "libertações" e "curas", a palavra? Bem essa nós deixamos para que cada um leia a sua bíblia em casa e "medite".

O que me dói é saber que as maracutaias apostólicas tomam os noticiários, ganham espaço na mídia, oxalá se esses espaços fossem tomados por notícias do tipo: "A igreja cristã no Brasil é responsável pela aniquilação da fome entre as crianças"; "A igreja é a maior combatente da prostituição infantil no mundo", me perdoem sou apenas um sonhador.

Mas o que não me dói? O que não me dói é saber que ainda existem alguns poucos combatentes que lutam (e são apedrejados) por uma igreja cristã no Brasil que se revista da verdade, sincera com aqueles que à buscam como fonte única de suas angústias, medos e opressões. O que não me dói é saber que o amor ainda habita em corações (poucos é claro) de homens, mulheres e das crianças do nosso Brasil, e essa é a força que nos faz continuar: o amor.

Glicélio Corrêa