Pobre daquele que, depois de uma vida exemplar, comete um descuido, pecado ou escândalo, de pequeno ou grande porte! Tudo o que ele fez de bom até então cai no esquecimento e o que ele acaba de fazer de mau é a única coisa que se comenta. Às vezes até com certa dose de prazer sinistro. A conduta cristã e restauradora exige equilíbrio entre a censura do ato reprovável do presente e a lembrança dos atos não-reprováveis do passado.
Esse equilíbrio extremamente necessário pode ser visto no pequeno discurso do profeta Jeú ao rei Josafá (de 872 a 848 a.C.): “Será que você devia ajudar os ímpios e amar aqueles que odeiam o Senhor? Por causa disso, a ira do Senhor está sobre você. Contudo, existe em você algo de bom, pois você livrou a terra dos postes sagrados e buscou a Deus de todo o seu coração” (2 Cr 19.2-3).
Depois, cometeu o erro de se aliar a Acabe, rei de Israel, por “laços de casamento”. Apesar da profecia de Micaías, contrária à guerra de reconquista de Ramote-Gileade, Josafá acompanhou Acabe nessa excursão bélica e só não perdeu a vida quando foi cercado pelo exército inimigo porque recorreu à oração (2 Cr 18.1-34).
Quando Josafá voltou em segurança ao seu palácio em Jerusalém, recebeu a visita de Micaías, que chamou sua atenção tanto para o estranho fato de ele ser “amigo dos inimigos do Senhor” (2 Cr 19.2, NTLH) como para o agradável fato de que havia nele algo de bom. Além de justa e correta, essa mistura tem alto valor pedagógico: não apóia a culpa de alguém nem arrasa o seu ânimo!
Elben César
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