Assim de repente, como no poema do Vinicius, tenho vontade de endoidecer. Semelhante ao rei Davi que se fez de doido penso em cuspir marimbondos, chutar o pau de barraca, gritar impropérios, esmurrar ponta de faca. Assaltam-me surtos de indignação e nem sei porque, dá vontade de zombar dos discursos religiosos carolas e desmascarar a desfaçatez dos hipócritas de plantão que se julgam guardiões do Templo.
Não tenho sangue de barata. Leio o jornal todo dia e não suporto mais essa imprensa marrom, chapa branca, sei lá qual a cor, sempre plastificada e sempre ordinária, contente de narrar o cotidiano a partir do viés dos seus ricos proprietários. Não suporto mais a frieza como se noticia o descaso de doentes nos corredores dos hospitais, a morte de crianças em UTI mal aparelhadas, os acidentes em estradas mal sinalizadas e esburacadas, a mais uma rebelião em alguma cadeia superlotada. Não agüento mais assistir o abismo social afastando os dois Brasis que compõem a minha pátria.
Dos escombros de minha decepção, do fundo de minha tristeza, tenho ímpetos religiosos anarquistas; uma vontade louca de expor como as igrejas funcionam dentro da lógica do mercado; como os pastores se enxergam como CEO’s e tratam os auditórios como clientes.
O cristianismo latino americano funciona como negócio que vende gato por lebre. Ilusão é comercializada como se fosse esperança; milagres são prometidos como trampolim para quem deseja ascender socialmente, bênção é mercadejada como solução para as mais diversas dificuldades: promove casamento, valida divórcios; cura caroços inexistentes pelo corpo, faz passar no vestibular e resolve causas na justiça.
Pergunto a esses embusteiros televisivos por que não resolvem os impasses globais. Por que não trazem a paz nos morros do Rio de Janeiro? Sonho com algum evangelista de renome conseguindo acabar com as chacinas das periferias de São Paulo. Por favor, algum apóstolo, por favor, insisto, desbarate com seu poder espiritual a rede de prostituição infantil do Nordeste, especialmente em minha terra.
Sei que não basta ficar com os olhos vermelhos. É preciso fazer alguma coisa. Assim, porei o resto de energia que me resta a serviço da justiça. Não continuarei a postergar a vida para depois da morte; minha pregação consistirá numa convocatória para que os cristãos comecem a adensar o Reino de Deus aqui na terra.. Não adianta cultivar uma expectativa de um mundo futuro melhor enquanto o que se vive aqui e agora continua tão péssimo.
Não tenho sangue de barata. Leio o jornal todo dia e não suporto mais essa imprensa marrom, chapa branca, sei lá qual a cor, sempre plastificada e sempre ordinária, contente de narrar o cotidiano a partir do viés dos seus ricos proprietários. Não suporto mais a frieza como se noticia o descaso de doentes nos corredores dos hospitais, a morte de crianças em UTI mal aparelhadas, os acidentes em estradas mal sinalizadas e esburacadas, a mais uma rebelião em alguma cadeia superlotada. Não agüento mais assistir o abismo social afastando os dois Brasis que compõem a minha pátria.
Dos escombros de minha decepção, do fundo de minha tristeza, tenho ímpetos religiosos anarquistas; uma vontade louca de expor como as igrejas funcionam dentro da lógica do mercado; como os pastores se enxergam como CEO’s e tratam os auditórios como clientes.
O cristianismo latino americano funciona como negócio que vende gato por lebre. Ilusão é comercializada como se fosse esperança; milagres são prometidos como trampolim para quem deseja ascender socialmente, bênção é mercadejada como solução para as mais diversas dificuldades: promove casamento, valida divórcios; cura caroços inexistentes pelo corpo, faz passar no vestibular e resolve causas na justiça.
Pergunto a esses embusteiros televisivos por que não resolvem os impasses globais. Por que não trazem a paz nos morros do Rio de Janeiro? Sonho com algum evangelista de renome conseguindo acabar com as chacinas das periferias de São Paulo. Por favor, algum apóstolo, por favor, insisto, desbarate com seu poder espiritual a rede de prostituição infantil do Nordeste, especialmente em minha terra.
Sei que não basta ficar com os olhos vermelhos. É preciso fazer alguma coisa. Assim, porei o resto de energia que me resta a serviço da justiça. Não continuarei a postergar a vida para depois da morte; minha pregação consistirá numa convocatória para que os cristãos comecem a adensar o Reino de Deus aqui na terra.. Não adianta cultivar uma expectativa de um mundo futuro melhor enquanto o que se vive aqui e agora continua tão péssimo.
Ricardo Gondim
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