O MUNDO não consiste em cem por cento de cristãos ou em cento por cento de não-cristãos. Há pessoas (uma grande quantidade delas) que estão lentamente deixando de ser cristãs, mas que ainda respondem por esse nome; entre elas, algumas são religiosas. Já outro tipo de gente está lentamente virando cristão, embora ainda não responda por esse nome. Há pessoas ainda que não aceitam a doutrina cristã sobre Cristo por completo, mas que se sentem tão fortemente atraídas por ele que se tornaram dele num sentido muito mais profundo do que são capazes de entender por si mesmas. Há pessoas em outras religiões que se deixam levar pela influência secreta de Deus, concentrando-se naquelas partes da sua religião que estão de acordo com o cristianismo, e que, dessa maneira, pertencem a Cristo sem sequer se darem conta disso. Por exemplo, um budista de boa vontade poderá ser levado a se concentrar mais e mais no ensinamento budista sobre a graça e a deixar os ensinamentos budistas sobre outros pontos para trás (por mais que possa dizer que acredita neles). Muitos dos pagãos bons, bem antes do nascimento de Cristo, também podem ter estado nessa posição. E é claro que sempre há uma grande quantidade de pessoas que só está com a mente confusa, sustentando várias crenças inconsistentes, todas misturadas em um pote só. Conseqüentemente, não é de grande utilidade tentar julgar cristãos e não-cristãos em massa. Pode até ser muito útil querer comparar cães e gatos ou até mesmo homens e mulheres em massa, porque nesses casos é possível distinguir quem é quem definitivamente. Da mesma maneira, nenhum animal se transforma (nem lentamente, e nem de uma hora para a outra) de cão em gato. Mas, quando comparamos cristãos e não-cristãos de uma forma genérica, geralmente não estamos pensando em pessoas reais que conhecemos, e sim em idéias vagas que extraímos de novelas e jornais.
Retirada de Um Ano com C. S. Lewis (Editora Ultimato, 2005).
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