08 setembro, 2009

Coiotes

Por alguma razão transcendente, acabei dando de frente com um monte de manifestações anti picaretas do evangelho, hoje. Comecei assistindo uma manifestação bizarra de um antigo líder, que até pouco tempo atrás andava nas mesmas estradas e até hoje não explicou direito seus pecados prosperadores e nem os outros, depois foi um blog atrás do outro, de tal maneira que a coisa virou quase um mantra epidêmico.

Acho muito bom, afinal os caras merecem a denúncia. Profissional no ramo do levantamento de fundos, inocente e imprudente o suficiente para ter feito a opção ética, desde o princípio, decisão que me valeu a pobreza compulsória, fora os sonoros pontapés no traseiro sempre que insistia nessa postura decadente, entendo que estes senhores, com ou sem bigodes, com ou sem perucas ou com ou sem os cabelos pintados, me prejudicaram sobremaneira. Nos últimos tempos, andaram jogando na mesma vala todos os captadores de recursos, sem distinguir os éticos dos não éticos. Uma pena.

Mesmo assim, continuo mais preocupado com outro tipo de picaretas, pois esses são caras de pau o suficiente para praticar suas falcatruas evangélicas em plena luz, ou seja, em seus púlpitos eclesiásticos, televisivos ou cibernéticos. Os mancebos mais preocupantes, a meu ver, são os tais mencionados por ninguém menos que Jesus o Nazareno, ou seja, os tais lobos em pele de cordeiro. Sabe, aqueles mais malandros, refinados, sob mantos mais ortodoxos, fala mansa, roupa de grife, sem gravata e doutorado na parede, mestrado já serve? Nada contra a pós graduação, tenho um monte de amigos cheios desses títulos, eu mesmo já andei buscando os meus e, certamente, nenhum de nós irá para o inferno por ter usado esses canudos para iludir o próximo.

Um dos caras que mais arrecadou grana na história do cristianismo foi um inglês chamado George Miller. Era um senhor cristão sério e lutava por uma causa justíssima: os órfãos da Londres pobre de outros tempos. Acontece que essa figura nunca pediu um centavo qualquer e se gabou disso a vida inteira. Por isso meu caro, pedir demais, não pedir ou pedir na conta certa não condena nem absolve ninguém.

Se você está preocupado com os lobos notórios, faz bem, só não esqueça de olhar sob o manto dos bonzinhos para verificar se não há pelo de coiote por baixo.

Lou Mello

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