27 junho, 2009

Michael Jackson e a Saga Humana

O som do Michael nunca fez a minha cabeça, embora reconheça nele um extraordinário talento, uma incrível criatividade e uma enorme sensibilidade.

Sua trajetória como artista e como homem, no entanto, tem muito a me dizer.

E fala (chega mesmo até a gritar) sobre o que temos de mais humano: nossa capacidade de transcender a nós mesmos através de nossas realizações, de nossa inventividade, de nossa arte, e assim eternizarmos a nossa obra. Já dizia Sêneca, “longa é a arte, breve é a vida”.

Sua senda também me ensina sobre a nossa vocação, como seres humanos, para apresentarmos no palco da vida um espetáculo inusitado e surpreendente, repleto ora de elementos de glória sublime, ora de tragédia pungente.

E isso é comum a todos nós.

Todos tivemos, temos ou teremos momentos singulares de realização, de contentamento, de vitória.

E também já vivemos ou viveremos tempos de dor, de luto, de vergonha, de desterro.

Esse é o caminho dos que são a coroa desta criação.

Esse foi o caminho descrito no livro sagrado que o Cristo de Deus percorreu.
Da eternidade em harmonia triuna ele se esvazia tomando a forma de escravo, vivendo entre os homens, morrendo entre ladrões.

E é então exaltado, recebendo o nome que está acima de todo nome.
Eu poderia ocupar espaço falando dos escândalos, das dívidas, do isolamento, das deformações físicas e psicológicas que sempre ocuparam o cotidiano do ser humano Michael.

Prefiro, no entanto, refletir sobre as minhas próprias imperfeições, distorções, incoerências e enfermidades que, aliás, todos temos em diferentes formas e momentos.

E nisso tudo, don’t matter if you’re black or white!

Jorge Camargo, mestre em ciências da religião, é intérprete, compositor, músico, poeta e tradutor.
http://www.jorgecamargo.com.br/

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