A gente fica admirado com a nova abordagem, que deu Cristo, à paternidade de Deus, mas, não podemos nos esquecer de que, se chamá-lo de pai o traz para perto de nós, reconhecer que ele está nos céus, o distancia, infinitamente, de nós. Eu diria mais, nos põe no lugar que nos é devido.
Paulo, em 1 Coríntios 12.2, falou de um homem - todo mundo desconfia de que seja ele mesmo - que foi visitar o terceiro céu. Supostamente, a morada de Deus. A razão da suposição é a existência de muitas teses sobre a quantidade de céus. Vou citar duas: há quem diga que, para os antigos hebreus, eram mesmo três céus, o primeiro, o céu das aves e das nuvens, o segundo, o firmamento, onde vemos as estrelas, e o terceiro, o lugar onde habita Deus. Há, também, quem afirme que os rabinos propagam a existência de sete céus. Ainda sobre a questão do céu, há a fala de Deus, transmitida pelo profeta: "Assim diz o SENHOR: O céu é o meu trono, e a terra, o estrado dos meus pés; que casa me edificareis vós? E qual é o lugar do meu repouso?" (Is 66.1) Aqui o céu é só assento, dando a impressão de que Deus não cabe em lugar nenhum. E, tem mais, como explicar a frase de Jacó: "Na verdade, o SENHOR está neste lugar, e eu não o sabia", se Deus está nos céus? Então, ficamos assim: O Senhor diz que Deus está nos céus, Paulo diz que ele está no terceiro céu e Jacó nos informa que ele está na terra... Parece que ele está em todo o lugar! É isso mesmo, ele está em todo o lugar! Não importa quantos céus existam, ele está em todos. Quem sabe a forma plural não tenha sido usada de propósito, uma vez que inibe a tentação de alocar Deus! Ele está em todo lugar, ou todo lugar está nele, pois, "nele vivemos, e nos movemos, e existimos." (At 17.28). Como disse o salmista: " Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face? Se subo aos céus, lá estás; se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás também; se tomo as asas da alvorada e me detenho nos confins dos mares, ainda lá me haverá de guiar a tua mão, e a tua destra me susterá. Se eu digo: as trevas, com efeito, me encobrirão, e a luz ao redor de mim se fará noite, até as próprias trevas não te serão escuras: as trevas e a luz são a mesma coisa." (Sl 139.7-12). E se ele está em todo o lugar, então, ele pode ser invocado em qualquer lugar, não há mais espaço especial - adeus templo!
Aliás, esse negócio de estabelecer um lugar para Deus está arraigado na humanidade, um caso gritante é o de Jacó: "Partiu Jacó de Berseba e seguiu para Harã. Tendo chegado a certo lugar, ali passou a noite, pois já era sol-posto; tomou uma das pedras do lugar, fê-la seu travesseiro e se deitou ali mesmo para dormir. E sonhou: Eis posta na terra uma escada cujo topo atingia o céu; e os anjos de Deus subiam e desciam por ela. Perto dele estava o SENHOR e lhe disse: Eu sou o SENHOR, Deus de Abraão, teu pai, e Deus de Isaque. A terra em que agora estás deitado, eu ta darei, a ti e à tua descendência. A tua descendência será como o pó da terra; estender-te-ás para o Ocidente e para o Oriente, para o Norte e para o Sul. Em ti e na tua descendência serão abençoadas todas as famílias da terra. Eis que eu estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e te farei voltar a esta terra, porque te não desampararei, até cumprir eu aquilo que te hei referido. Despertado Jacó do seu sono, disse: Na verdade, o SENHOR está neste lugar, e eu não o sabia." (Gn 29.10-16). Deus visitou Jacó, em sonho, ele viu uma escada, firmada na terra, por onde os anjos subiam e desciam, dando a impressão de que a base deles estava na terra e não no céu, como se poderia supor (lembre-se de que os anjos subiam e desciam, não o contrário). A descrição desse detalhe faz pensar que isso intrigou a Jacó. Logo ele o compreenderia, a base angélica estava na Terra porque era onde Deus estava. E, mais, ao lado de Jacó! Aliás, foi isso que o Senhor veio comunicar, que estava e estaria para sempre com Jacó. Aí, o homem acorda e, ao invés de dizer: "Deus está comigo e eu não sabia!"; diz "Deus estava aqui e eu não sabia!"
Imediatamente, erige um altar, um gesto muito significativo, porque celebra aquele maravilhoso encontro, porém, ato contínuo, muda o nome do lugar, de Luz para Betel (casa de Deus), lêdo engano: Deus disse:- "Eu estou com você" e não:- "Eu estou (resido) neste lugar". Conservar o nome do lugar - Luz - teria feito mais sentido, pois, ali, ele foi iluminado. Jacó foi traído pelo espírito da época, que cria que os deuses estavam instalados, preferencialmente, em algum lugar. Ele não se deu conta de que prender Deus em algum lugar é diminuí-lo. O que o fêz perder a possibilidade de compreender a mais revolucionária das revelações: Betel seria sempre o lugar onde Jacó estivesse.
Conceito que, no Novo Testamento, evoluiria: de Deus está com o seu povo, para Deus está em seu povo, comunitária e pessoalmente: está em todos nós. Está em você! Esta compreensão qualifica a expressão "que estás nos céus": não apenas Deus está em todo lugar, mas pode ser invocado em qualquer lugar, e, por que não por qualquer um? Uma vez que " Perto está o SENHOR de todos os que o invocam" (Sl 145.18). E, por que não por você?
Ele está em todo lugar,conclui-se, porém, com muita qualidade, sua ubiquidade (capacidade de estar em todo lugar ao mesmo tempo) não o vulgariza: no céu, seu trono, está como o altíssimo, "o único que possui imortalidade, que habita em luz inacessível, a quem homem algum jamais viu, nem é capaz de ver." (1Tm 16.6); na Terra, na sua imanência, está como o Deus que se manifesta na sua criação: "Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas." (Rm 1.20). É claro que isso, por si só, o torna totalmente distinto de nós. Ele é o totalmentre outro, como dizia o teólogo de basiléia.
Eis o sagrado paradoxo: Ele é o paizinho querido, que, ternamente, nos recebe, ao mesmo tempo em que é o Deus Altíssimo, "Mistério do Universo", como disse o reformador de Genebra; cuja presença manifesta nos faz conscientes do merecido juízo; vide Isaías: "No ano da morte do rei Uzias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e as abas de suas vestes enchiam o templo. As bases do limiar se moveram e a casa se encheu de fumaça. Então, disse eu: ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o SENHOR dos Exércitos!" (Is 6.1-5). A oração de Jesus Cristo, ao mesmo tempo em que nos faz correr para os braços do paizinho querido, para entrar em contato com o seu coração, que, no dizer de Richard Foster, é uma chaga viva de amor, nos infunde o temor da reverência.
Portanto: "Nosso Paizinho querido...
que estás nos céus...
Santificado seja o teu nome"
Paulo, em 1 Coríntios 12.2, falou de um homem - todo mundo desconfia de que seja ele mesmo - que foi visitar o terceiro céu. Supostamente, a morada de Deus. A razão da suposição é a existência de muitas teses sobre a quantidade de céus. Vou citar duas: há quem diga que, para os antigos hebreus, eram mesmo três céus, o primeiro, o céu das aves e das nuvens, o segundo, o firmamento, onde vemos as estrelas, e o terceiro, o lugar onde habita Deus. Há, também, quem afirme que os rabinos propagam a existência de sete céus. Ainda sobre a questão do céu, há a fala de Deus, transmitida pelo profeta: "Assim diz o SENHOR: O céu é o meu trono, e a terra, o estrado dos meus pés; que casa me edificareis vós? E qual é o lugar do meu repouso?" (Is 66.1) Aqui o céu é só assento, dando a impressão de que Deus não cabe em lugar nenhum. E, tem mais, como explicar a frase de Jacó: "Na verdade, o SENHOR está neste lugar, e eu não o sabia", se Deus está nos céus? Então, ficamos assim: O Senhor diz que Deus está nos céus, Paulo diz que ele está no terceiro céu e Jacó nos informa que ele está na terra... Parece que ele está em todo o lugar! É isso mesmo, ele está em todo o lugar! Não importa quantos céus existam, ele está em todos. Quem sabe a forma plural não tenha sido usada de propósito, uma vez que inibe a tentação de alocar Deus! Ele está em todo lugar, ou todo lugar está nele, pois, "nele vivemos, e nos movemos, e existimos." (At 17.28). Como disse o salmista: " Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face? Se subo aos céus, lá estás; se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás também; se tomo as asas da alvorada e me detenho nos confins dos mares, ainda lá me haverá de guiar a tua mão, e a tua destra me susterá. Se eu digo: as trevas, com efeito, me encobrirão, e a luz ao redor de mim se fará noite, até as próprias trevas não te serão escuras: as trevas e a luz são a mesma coisa." (Sl 139.7-12). E se ele está em todo o lugar, então, ele pode ser invocado em qualquer lugar, não há mais espaço especial - adeus templo!
Aliás, esse negócio de estabelecer um lugar para Deus está arraigado na humanidade, um caso gritante é o de Jacó: "Partiu Jacó de Berseba e seguiu para Harã. Tendo chegado a certo lugar, ali passou a noite, pois já era sol-posto; tomou uma das pedras do lugar, fê-la seu travesseiro e se deitou ali mesmo para dormir. E sonhou: Eis posta na terra uma escada cujo topo atingia o céu; e os anjos de Deus subiam e desciam por ela. Perto dele estava o SENHOR e lhe disse: Eu sou o SENHOR, Deus de Abraão, teu pai, e Deus de Isaque. A terra em que agora estás deitado, eu ta darei, a ti e à tua descendência. A tua descendência será como o pó da terra; estender-te-ás para o Ocidente e para o Oriente, para o Norte e para o Sul. Em ti e na tua descendência serão abençoadas todas as famílias da terra. Eis que eu estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e te farei voltar a esta terra, porque te não desampararei, até cumprir eu aquilo que te hei referido. Despertado Jacó do seu sono, disse: Na verdade, o SENHOR está neste lugar, e eu não o sabia." (Gn 29.10-16). Deus visitou Jacó, em sonho, ele viu uma escada, firmada na terra, por onde os anjos subiam e desciam, dando a impressão de que a base deles estava na terra e não no céu, como se poderia supor (lembre-se de que os anjos subiam e desciam, não o contrário). A descrição desse detalhe faz pensar que isso intrigou a Jacó. Logo ele o compreenderia, a base angélica estava na Terra porque era onde Deus estava. E, mais, ao lado de Jacó! Aliás, foi isso que o Senhor veio comunicar, que estava e estaria para sempre com Jacó. Aí, o homem acorda e, ao invés de dizer: "Deus está comigo e eu não sabia!"; diz "Deus estava aqui e eu não sabia!"
Imediatamente, erige um altar, um gesto muito significativo, porque celebra aquele maravilhoso encontro, porém, ato contínuo, muda o nome do lugar, de Luz para Betel (casa de Deus), lêdo engano: Deus disse:- "Eu estou com você" e não:- "Eu estou (resido) neste lugar". Conservar o nome do lugar - Luz - teria feito mais sentido, pois, ali, ele foi iluminado. Jacó foi traído pelo espírito da época, que cria que os deuses estavam instalados, preferencialmente, em algum lugar. Ele não se deu conta de que prender Deus em algum lugar é diminuí-lo. O que o fêz perder a possibilidade de compreender a mais revolucionária das revelações: Betel seria sempre o lugar onde Jacó estivesse.
Conceito que, no Novo Testamento, evoluiria: de Deus está com o seu povo, para Deus está em seu povo, comunitária e pessoalmente: está em todos nós. Está em você! Esta compreensão qualifica a expressão "que estás nos céus": não apenas Deus está em todo lugar, mas pode ser invocado em qualquer lugar, e, por que não por qualquer um? Uma vez que " Perto está o SENHOR de todos os que o invocam" (Sl 145.18). E, por que não por você?
Ele está em todo lugar,conclui-se, porém, com muita qualidade, sua ubiquidade (capacidade de estar em todo lugar ao mesmo tempo) não o vulgariza: no céu, seu trono, está como o altíssimo, "o único que possui imortalidade, que habita em luz inacessível, a quem homem algum jamais viu, nem é capaz de ver." (1Tm 16.6); na Terra, na sua imanência, está como o Deus que se manifesta na sua criação: "Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas." (Rm 1.20). É claro que isso, por si só, o torna totalmente distinto de nós. Ele é o totalmentre outro, como dizia o teólogo de basiléia.
Eis o sagrado paradoxo: Ele é o paizinho querido, que, ternamente, nos recebe, ao mesmo tempo em que é o Deus Altíssimo, "Mistério do Universo", como disse o reformador de Genebra; cuja presença manifesta nos faz conscientes do merecido juízo; vide Isaías: "No ano da morte do rei Uzias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e as abas de suas vestes enchiam o templo. As bases do limiar se moveram e a casa se encheu de fumaça. Então, disse eu: ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o SENHOR dos Exércitos!" (Is 6.1-5). A oração de Jesus Cristo, ao mesmo tempo em que nos faz correr para os braços do paizinho querido, para entrar em contato com o seu coração, que, no dizer de Richard Foster, é uma chaga viva de amor, nos infunde o temor da reverência.
Portanto: "Nosso Paizinho querido...
que estás nos céus...
Santificado seja o teu nome"
Ariovaldo Ramos
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