19 dezembro, 2008

Poema de Amor

Vamos, poema de amor, levante-se dentre os vidros partidos que chegou a hora de cantar. Ajude-me, poema de amor, a restabelecer a integridade, a cantar sobre a dor. É verdade que o mundo não se limpa de guerras, não se lava de sangue, não se corrige do ódio. É verdade. Mas é igualmente verdade que nos aproximamos de uma evidência: os violentos se refletem no espelho do mundo e seu rosto não é bonito nem para eles mesmos. E continuo acreditando na possibilidade do amor. Tenho a certeza do entendimento entre os seres humanos, logrado sobre o sofrimento, sobre o sangue e sobre os cristais quebrados.

Pablo Neruda em "Confesso que vivi"

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