Khalid é camponês no Iraque. Há séculos sua família vive cuidando de um pequeno curral com bodes, cabras e algumas ovelhas. Mas ele ainda hoje não entende porque aviões barulhentos sobrevoaram sua choupana despejando bombas. Uma dessas bombas caiu há cem metros de onde seus filhos brincavam. Dois meninos e uma menina morreram com estilhaços enormes que estraçalharam seus corpos franzinos. Khalid nunca ouviu falar de Jesus Cristo ou da Bíblia. Como é analfabeto, soube apenas que os seus sacerdotes abençoaram os pilotos do avião para aquela missão.
Para a enorme maioria dos evangélicos, Khalid, além de pobre, analfabeto e sem filhos, ainda vai para o inferno no dia em que morrer. Por ser herdeiro do pecado e da culpa de Adão, será punido com fogo eterno. A condenação de Khalid será inexorável porque não fez uma confissão pública de fé nos ditames dos evangélicos.
O iraquiano sofrerá muito. Vermes lhe comerão a carne por zilhões de anos; sedento, rangerá os dentes e perpetuamente lamentará por ter sido solidário com o pecado do primeiro casal. Seu desterro será perpétuo.
Eis a brilhante lógica do fundamentalismo evangélico: a sua má sorte foi nascer no Iraque e não em Dallas, Texas, pois nos estado mais evangélico do mundo, suas chances de ser converter seriam geometricamente maiores. Inclusive, dentro dessa lógica, o capelão que orou com o piloto antes de decolar vôo, não só o perdoou por antecipação, como garantiu que a “justa guerra” legitimava as bombas despejadas sobre o vilarejo suspeito. Quanto aos danos colaterais, mesmo péssimos, são inevitáveis e serão creditados à Providência. Isto é, se os filhos de Khalid morreram, “Deus que tem tudo sob o seu controle, supervisionou e permitiu as mortes com algum propósito” – que só serão conhecidos na eternidade.
Será que, enquanto a humanidade celebra o Natal, bilhões de Khalids seguem para o inferno inexorável?
Alguns convivem bem com essa lógica. Digo apenas que ela é cruel e não tem nada a ver com Jesus de Nazaré.
A todos os Khalids do mundo, amados e queridos de Deus, Feliz Natal.
Soli Deo Gloria.
Ricardo Gondim
Para a enorme maioria dos evangélicos, Khalid, além de pobre, analfabeto e sem filhos, ainda vai para o inferno no dia em que morrer. Por ser herdeiro do pecado e da culpa de Adão, será punido com fogo eterno. A condenação de Khalid será inexorável porque não fez uma confissão pública de fé nos ditames dos evangélicos.
O iraquiano sofrerá muito. Vermes lhe comerão a carne por zilhões de anos; sedento, rangerá os dentes e perpetuamente lamentará por ter sido solidário com o pecado do primeiro casal. Seu desterro será perpétuo.
Eis a brilhante lógica do fundamentalismo evangélico: a sua má sorte foi nascer no Iraque e não em Dallas, Texas, pois nos estado mais evangélico do mundo, suas chances de ser converter seriam geometricamente maiores. Inclusive, dentro dessa lógica, o capelão que orou com o piloto antes de decolar vôo, não só o perdoou por antecipação, como garantiu que a “justa guerra” legitimava as bombas despejadas sobre o vilarejo suspeito. Quanto aos danos colaterais, mesmo péssimos, são inevitáveis e serão creditados à Providência. Isto é, se os filhos de Khalid morreram, “Deus que tem tudo sob o seu controle, supervisionou e permitiu as mortes com algum propósito” – que só serão conhecidos na eternidade.
Será que, enquanto a humanidade celebra o Natal, bilhões de Khalids seguem para o inferno inexorável?
Alguns convivem bem com essa lógica. Digo apenas que ela é cruel e não tem nada a ver com Jesus de Nazaré.
A todos os Khalids do mundo, amados e queridos de Deus, Feliz Natal.
Soli Deo Gloria.
Ricardo Gondim
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