07 outubro, 2008

Erguei-vos, cristãos

“É melhor morrer de vodca do que de tédio” (Vladimir Maiakovski).

Se vivesse atualmente no Brasil, o poeta russo certamente seria contratado pelo governo (quem sabe por algumas igrejas) para promover campanhas para reduzir o consumo de álcool. Seria uma espécie de Zeca Pagodinho às avessas. Teríamos a “Maia-feira” institucionalizada...

Como também acontece com a ética e com a decência, tédio é um item muuuuito raro na prateleira verde-amarela. A cada dia os escândalos se sucedem e só mesmo a Internet para veicular informações na velocidade com que acontecem as besteiras.

No meio evangélico, o cenário não é muito diferente. Antes de conhecer Jesus, o Rodolfo cantava na banda Raimundos sobre uma tal mulher de fases. Se realmente o que anda rolando por aí tem respaldo bíblico, temos agora um “Deus de fases”.

Não muito tempo atrás, o Criador cismou de dourar os dentes de alguns crentes e incrédulos. Aí ele deixou de lado esse tipo de milagre e revelou que untar objetos é um bom antídoto contra problemas variados. Não satisfeitos em ungir pessoas como recomenda a Bíblia em certas situações, alguns irmãos mais afoitos saíram ungindo objetos, bairros e até cidades. Haja óleo.... e paciência.

De tanto cantar sobre o “mover” e o “fluir”, teve gente que acabou optando pelo “derramar”. E saíram vertendo xixi literalmente nos quatro cantos da cidade, demarcando território e ultrapassando as fronteiras do bom senso.

Os heróis do Cazuza morreram de overdose. Já alguns expoentes do cenário evangélico escolheram a inusitada tática do suicídio público de suas reputações. Perdida em intermináveis discussões e bate-bocas especialmente no meio virtual, a galera não sabe ao certo que direção seguir. “Me diz Deus, o que é que eu faço agora?”, cantavam os Raimundos.

Só o fato de questionar qualquer prática já atrai a fúria dos fãs e aficionados em geral. Trata-se de uma demonstração incontestável dos sentimentos que ocupam o coração daqueles confundem ataque e defesa e sempre acabam marcando gols contra. O Reino, no caso.

Extravagâncias a parte, o fato é que o rebanho cresceu mas continua imaturo. Basta observar a fartura de leite que é servido em muitos lugares. Na escalada do crescimento, ainda estamos engatinhando. Ana Paula Valadão que o diga.

Sérgio Pavarini

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