26 junho, 2008

Assim faço teologia

Faço teologia no ritmo da poesia. Procuro gerar esperança. Acredito que só a verdade poética salvará o mundo. Já se perguntou se era possível sentir o poema “fervilhando em larvas numa terra prenhe de cadáveres”. Eu respondo que sim! Enquanto Deus falar, passarão céus e terra, mas suas palavras não passarão. O universo engravidou de beleza no “fiat” primordial. Desde então, todo o ser humano carrega o segredo alquímico das aquarelas, o tom afinado das sinfonias, a chave misteriosa dos enigmas existenciais e o eureca sagrado da revelação do Espírito.

A maldade perdura. Multiplicam-se os ímpios e ressuscitam estruturas demoníacas. Mesmo assim, artistas, estivadores, lavadeiras de beira de rio, médicos, violinistas, filósofas, sacerdotes, cantores de churrascaria, psicólogas, não cedem ao atropelo dos traficantes, dos mercadores internacionais de fuzis, dos cafetões ou dos que enriquecem com a mão de obra infantil. Neles repousa o nascer do amanhã celestial que ainda não alvoreceu.

O caminho do perverso não prevalecerá para sempre; seus grilhões não resistirão ao dobrar dos sinos das catedrais; cada badalar proclamará a resiliência da luz que enfrenta as ásperas trevas. A bondade é um fermento, a mansidão um ácido e a integridade um aríete, que destruirão o castelo da maldade.

O mundo se contorce com a banalização da morte, mas o perfume do amor continua a espalhar-se. Soldados intercedem por seus subalternos. Mães imploram por filhas aflitas. Cegos pedem ajuda na beira da calçada. Na cruz, ladrões prenunciam o paraíso.

Sete mil profetas continua em pé; sem capitular, não se negam ao martírio. Neles reside a iniciativa heróica e deles vem o brado que antecipa o grande dia quando a terra, sem gemer, acolherá o santuário de Deus.

Soli Deo Gloria.

Ricardo Gondim

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