Sou fã de ficção científica. Desde criança, sempre fui fascinado por esse mundo de naves espaciais, civilizações alienígenas, viagens temporais. Deleitava-me com “Jornada nas Estrelas” e achava interessante a lógica vulcaniana do sr. Spock. Tanto é, que ensino para minhas filhas a sua saudação, um “V” com a mão espalmada, simbolizando paz e vida longa. E não é que descobri que tal saudação é, na verdade, judaica?
Na minha infância, além do famoso “Jornada nas Estrelas”, outro seriado me chamava muito a atenção: “Battlestar Galactica”. Há três anos, descobri estavam produzindo outro seriado, com o mesmo nome, nos dias atuais. Na época não dei muita bola, mas hoje, depois de assistir a todos os episódios dessa nova série, confesso, virei fã.
Se você não conhece a série, um pequeno resumo. Em um tempo indeterminado, a humanidade está em armistício com os cylons (pronuncia-se sáilons), robôs criados pelos próprios humanos e que um dia se rebelaram. Mas os cylons resolvem atacar de novo e mostram que chegaram a evoluir, infiltrando agentes seus em meio aos humanos, pois agora eles se parecem conosco. Ao longo de toda a história, vemos a mitologia que a cerca: os humanos são originários de 12 colônias e estão em busca da 13ª, que é a Terra. Mas uma coisa me deixou intrigado: enquanto os humanos são politeístas, adorando aos Senhores de Kobol (um equivalente à mitologia grega), os cylons, pelo menos os seus modelos humanos, são monoteístas, adorando a apenas um Deus. Sempre ouve-se da boca de um deles: “Deus é amor. Deus tem um plano para sua vida. Deus está no controle”. Apesar de serem os responsáveis pela quase aniquilação da raça humana, revelam essa faceta espiritual. E crêem, com todas as forças, que estão com o seu Deus, e este, com eles.
Sei não, mas, assistindo à série não houve outra opção senão me identificar, pelo menos um pouco, com os cylons. Apesar de tomarem decisões erradas, de serem os supostos “vilões” (uma vez que, no seriado, nada é tão maniqueísta assim), de conspirarem contra toda uma raça, os cylons continuam servindo a Deus. E apesar de serem máquinas auto-conscientes, eles têm dúvidas, questionamentos, e até mesmo crises de fé. Porém continuam seguindo em frente.
Fomos ensinados a não sermos nós mesmos. Quantos não ouviram, na infância, que “menino não chora”? Ou que não devia fazer bagunça, porque “senão Papai do Céu castiga”? E quando ouvimos na igreja que “derrota não é coisa de cristão”, estimulando todo um triunfalismo que, cedo ou tarde, entra em curto circuito com a dura realidade?
Uns têm crises de fé e abandonam o Reino. Outros, abafam seus questionamentos, gerando uma doença de alma. E ainda outros, no pior e mais comum sintoma, desenvolvem uma hipocrisia que condena em outros aquilo que interiormente vive. Temos, enfim, uma dificuldade muito grande em lidar com nossa inerente imperfeição, achando que Jesus se interessa pelos vitoriosos, pelos fortes, pelos bons.
Nessas horas, gosto de me lembrar do Quarteto Vida, que certa vez cantou: “E hoje o imperfeito abre o peito, cantando o amor de Jesus”. Esse é (e vai continuar sendo) nosso grande paradoxo: sendo imperfeitos, somos alvo de um amor perfeito; sendo falhos, somos preenchidos por aquele que é, por si só, completo.
Proponho, para finalizar, que desenvolvamos nossa espiritualidade à moda cylon: sejamos imperfeitos, acertando ou errando, mas, ainda assim, seguindo o Senhor. Afinal, biblicamente, já somos alienígenas, pois não pertencemos mais a este mundo. Abandonemos, portanto, toda capa de pseudo-santidade e auto-suficiência, e confessemos ao Senhor que dependemos dele mais do que tudo, até mesmo por causa de nossa imperfeição crônica. Continuaremos com nossas dúvidas e questionamentos, mas, com certeza, estaremos trilhando o caminho certo.
Rodrigo de Lima Ferreira
Na minha infância, além do famoso “Jornada nas Estrelas”, outro seriado me chamava muito a atenção: “Battlestar Galactica”. Há três anos, descobri estavam produzindo outro seriado, com o mesmo nome, nos dias atuais. Na época não dei muita bola, mas hoje, depois de assistir a todos os episódios dessa nova série, confesso, virei fã.
Se você não conhece a série, um pequeno resumo. Em um tempo indeterminado, a humanidade está em armistício com os cylons (pronuncia-se sáilons), robôs criados pelos próprios humanos e que um dia se rebelaram. Mas os cylons resolvem atacar de novo e mostram que chegaram a evoluir, infiltrando agentes seus em meio aos humanos, pois agora eles se parecem conosco. Ao longo de toda a história, vemos a mitologia que a cerca: os humanos são originários de 12 colônias e estão em busca da 13ª, que é a Terra. Mas uma coisa me deixou intrigado: enquanto os humanos são politeístas, adorando aos Senhores de Kobol (um equivalente à mitologia grega), os cylons, pelo menos os seus modelos humanos, são monoteístas, adorando a apenas um Deus. Sempre ouve-se da boca de um deles: “Deus é amor. Deus tem um plano para sua vida. Deus está no controle”. Apesar de serem os responsáveis pela quase aniquilação da raça humana, revelam essa faceta espiritual. E crêem, com todas as forças, que estão com o seu Deus, e este, com eles.
Sei não, mas, assistindo à série não houve outra opção senão me identificar, pelo menos um pouco, com os cylons. Apesar de tomarem decisões erradas, de serem os supostos “vilões” (uma vez que, no seriado, nada é tão maniqueísta assim), de conspirarem contra toda uma raça, os cylons continuam servindo a Deus. E apesar de serem máquinas auto-conscientes, eles têm dúvidas, questionamentos, e até mesmo crises de fé. Porém continuam seguindo em frente.
Fomos ensinados a não sermos nós mesmos. Quantos não ouviram, na infância, que “menino não chora”? Ou que não devia fazer bagunça, porque “senão Papai do Céu castiga”? E quando ouvimos na igreja que “derrota não é coisa de cristão”, estimulando todo um triunfalismo que, cedo ou tarde, entra em curto circuito com a dura realidade?
Uns têm crises de fé e abandonam o Reino. Outros, abafam seus questionamentos, gerando uma doença de alma. E ainda outros, no pior e mais comum sintoma, desenvolvem uma hipocrisia que condena em outros aquilo que interiormente vive. Temos, enfim, uma dificuldade muito grande em lidar com nossa inerente imperfeição, achando que Jesus se interessa pelos vitoriosos, pelos fortes, pelos bons.
Nessas horas, gosto de me lembrar do Quarteto Vida, que certa vez cantou: “E hoje o imperfeito abre o peito, cantando o amor de Jesus”. Esse é (e vai continuar sendo) nosso grande paradoxo: sendo imperfeitos, somos alvo de um amor perfeito; sendo falhos, somos preenchidos por aquele que é, por si só, completo.
Proponho, para finalizar, que desenvolvamos nossa espiritualidade à moda cylon: sejamos imperfeitos, acertando ou errando, mas, ainda assim, seguindo o Senhor. Afinal, biblicamente, já somos alienígenas, pois não pertencemos mais a este mundo. Abandonemos, portanto, toda capa de pseudo-santidade e auto-suficiência, e confessemos ao Senhor que dependemos dele mais do que tudo, até mesmo por causa de nossa imperfeição crônica. Continuaremos com nossas dúvidas e questionamentos, mas, com certeza, estaremos trilhando o caminho certo.
Rodrigo de Lima Ferreira
Nenhum comentário:
Postar um comentário