01 maio, 2008

Os anjos e a criação do homem

Deus em sua sabedoria, tendo decidido criar o homem, pediu o conselho de todos a seu redor antes de levar a cabo seu propósito – exemplo para que o homem, não importa quão grande e notável seja, não despreze o conselho dos humildes e fracos. Primeiro Deus chamou o céu e a terra, depois todas as coisas criadas, e por último os anjos.

Os anjos não estavam todos de acordo. O anjo do Amor era a favor da criação do homem, porque ele seria afetuoso e amoroso, mas o anjo da Verdade se opunha, porque ele seria cheio de mentiras. E, embora o anjo da Justiça fosse a favor, porque ele praticaria a justiça, o anjo da Paz se opunha, porque ele seria contencioso.

A fim de invalidar o seu protesto, Deus atirou o anjo da Verdade do céu contra a terra, e quando os outros bradaram em protesto contra tratamento tão injurioso, Deus disse: “A verdade brotará da terra”.

As objeções dos anjos teriam sido muito mais veementes se eles tivessem conhecido a verdade a respeito do homem. Deus havia lhes contado apenas sobre os piedosos, ocultando deles que haveria no gênero humano gente reprovável. Ainda assim, embora conhecessem apenas metade da verdade, os anjos puseram-se a clamar:

– Que é o homem, que dele te lembres? E o filho do homem, que o visites?

Deus respondeu:

– As aves do céu e os peixes do mar, para que foram criados? De que serve uma dispensa cheia de delícias finas, se não há convidado para desfrutar delas?


E os anjos só puderam exclamar:

– Ó Senhor, nosso Senhor, quão admirável é teu nome em toda a terra! Faze como é agradável a teus olhos.

Para um número não insiginificante de anjos sua oposição trouxe conseqüências fatais. Quando Deus convocou o grupo sob a liderança do arcanjo Miguel e perguntou-lhes sua opinião sobre o homem, eles responderam com desdém:

– Que é o homem, que dele te lembres? E o filho do homem, que o visites?

Deus estendeu imediatamente o seu dedo mínimo, e todos foram consumidos pelo fogo exceto seu líder, Miguel. O mesmo destino sobreveio ao grupo sob a liderança do arcanjo Gabriel; apenas ele foi salvo da destruição.

O terceiro grupo consultado era comandado pelo arcanjo Labiel. Ensinado pela terrível sina de seus predecessores, ele advertiu sua tropa:

– Vocês viram que infortúnio recaiu sobre os anjos que disseram “que é o homem, que dele te lembres?” Cuidemos para não fazermos o mesmo, para que não soframos a mesma dura punição. Pois Deus não deixará de fazer no fim o que planejou. É aconselhável portanto que cedamos a seus desejos.

Assim advertidos, os anjos disseram:

– Senhor do mundo, é bom que pensaste em criar o homem. Cria-o deveras de acordo com a tua vontade. Quanto a nós, seremos assistentes e ministros dele.

Por causa disso Deus mudou o nome de Labiel para Rafael, o Resgatador, porque sua hoste de anjos foi resgatada pelo sábio conselho. Ele foi designado como anjo da Cura, que tem sob seu cuidado todos os remédios celestiais, arquétipos dos remédios utilizados na terra.

Paulo Brabo

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