Coisas extremamente simples acham um lugar imortal no coração. Há dias, conversando com os meus filhos, encontrei-me com elas, as coisas simples. O Sérgio me contou sobre quando ele era menino, tempo em que eu ainda fumava cachimbo. “Você viajava, eu ficava com saudade. Ia para o seu escritório que estava impregnado com o cheiro bom de fumo de cachimbo, perfumado. Era o meu jeito de matar a minha saudade...” O Marcos, por sua vez, me lembrou um incidente muito engraçado. Eu e ele estávamos no banco. Eu preenchia as guias de depósito, distraído. Enquanto isso ele examinava os cheques, sem que eu percebesse. Aí ele notou que as assinaturas estavam muito feias ( eram cheques de uma outra pessoa) e se prontificou a me ajudar, melhorando-as. Pegou uma caneta e mãos à obra. Quando percebi já era tarde demais. Não sabia se ria, se chorava, se ficava bravo... Felizmente o gerente foi compreensivo e tudo terminou bem. Isso é uma das delícias de conversar com os filhos. A conversa é um ritual mágico que ressuscita memórias há muito enterradas.
Rubem Alves Quarto de Badulaques L
Rubem Alves Quarto de Badulaques L
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