No sopé dos Montes Olímpios, na República da Macedônia, parte integrante da Iugoslávia até bem pouco tempo, existe uma pequena cidade chamada Verria. Há uma única referência a essa cidade na Bíblia, mas com outro nome: é a antiga Beréia, distante 80 quilômetros a sudoeste de Tessalônica (hoje Salônica).
Na metade do primeiro século, o apóstolo Paulo, em sua segunda viagem missionária, e Silas anunciaram o evangelho tanto em Tessalônica, na época com 200 mil habitantes, como em Beréia. Em ambas as cidades, o trabalho foi coroado de muito êxito. Em Beréia, “mulheres gregas de alta posição e não poucos homens” creram na pregação da salvação pela graça de Deus mediante a fé (At 17.12). Mas o primeiro historiador da expansão do cristianismo fez questão de registrar que os bereanos eram “mais nobres” que os tessalonicenses. Além de ouvir a mensagem com muito interesse, os novos crentes daquela cidade “cada dia examinavam as Escrituras para ver se tudo era assim mesmo” (At 17.11, EP). Isso significa que as mulheres da alta sociedade e um punhado de homens da atual Verria, com todo respeito a Paulo, faziam um exame crítico de tudo que o apóstolo ensinava, tendo como fonte primária e de absoluta confiança a parte da Bíblia então escrita (o Antigo Testamento). A resposta que os novos convertidos davam à pregação missionária não era meramente emocional. Passava tanto pelo coração como pelo intelecto. Desde então, nesses 20 séculos de história, os bereanos são lembrados como exemplos para aqueles que desejam ter uma fé sólida e mais próxima possível da Revelação.
Cabe aqui a inquietante pergunta: essa raça de bereanos ainda é necessária? Em nenhum outro tempo, os meios de comunicação foram tão variados e disponíveis como agora, e nunca a liberdade de falar e escrever o que se quer foi tão grande. Antes, tínhamos apenas as Escrituras e outros livros. Depois, jornais e revistas. Depois, o rádio e a televisão. Depois, o fax. Agora, temos a internet. Por meio desses recursos, o crente recebe número sem conta de mensagens todos os dias, de procedência e linha doutrinária diferentes. A maior parte das pessoas engole tudo sem o menor cuidado. Daí a confusão reinante e o crescimento assustador não só de novas denominações cristãs, mas também de seitas e heresias.
Não se pode mudar de idéia nem de convicção só porque alguém ensina algo novo. Cada dia é preciso examinar as Escrituras para ver se tudo o que esse alguém transmite é de fato assim. Se essa pessoa se sente ofendida porque procedemos desse modo é péssimo sinal.
Nem sempre aquele que distorce as Escrituras age de má-fé. Às vezes, trata-se apenas de um equívoco de exegese, a que todos estamos sujeitos — não só o expositor leigo, mas também os doutores em Bíblia. Todavia, tanto a história de Israel como a história da igreja registram a presença e a pregação de falsos profetas que se infiltram no meio do povo e no meio dos crentes. Em ambos os casos, a preocupação dos bereanos é muito bem-vinda.
Não se trata de uma vigilância mesquinha e ruidosa, que sempre descamba para uma insuportável arrogância teológica, capaz de exagerar, mentir, denunciar, perseguir e dividir a igreja. Foi esse procedimento que deu origem à Inquisição, de triste memória.
Discreta e humildemente, o verdadeiro bereano trabalha com a sua consciência, busca fundamento bíblico para aquilo que ouve e lê. Quando alguma coisa o incomoda, não se cala nem se omite. Porém, ao levantar a voz não tímida, ele coloca sob cuidadosa vigilância o seu zelo pela Palavra de Deus.
Os tessalonicenses de ontem e de hoje são mais rápidos e menos profundos. Portanto, dão menos trabalho. Já os bereanos de ontem e de hoje são menos apressados e mais profundos. E correm menos riscos que seus vizinhos de Salônica, pois obedecem à instrução do Apóstolo do Amor: “Amados, não creiam em qualquer espírito, mas examinem os espíritos para ver se eles procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo” (1 Jo 4.1, NVI).
Na metade do primeiro século, o apóstolo Paulo, em sua segunda viagem missionária, e Silas anunciaram o evangelho tanto em Tessalônica, na época com 200 mil habitantes, como em Beréia. Em ambas as cidades, o trabalho foi coroado de muito êxito. Em Beréia, “mulheres gregas de alta posição e não poucos homens” creram na pregação da salvação pela graça de Deus mediante a fé (At 17.12). Mas o primeiro historiador da expansão do cristianismo fez questão de registrar que os bereanos eram “mais nobres” que os tessalonicenses. Além de ouvir a mensagem com muito interesse, os novos crentes daquela cidade “cada dia examinavam as Escrituras para ver se tudo era assim mesmo” (At 17.11, EP). Isso significa que as mulheres da alta sociedade e um punhado de homens da atual Verria, com todo respeito a Paulo, faziam um exame crítico de tudo que o apóstolo ensinava, tendo como fonte primária e de absoluta confiança a parte da Bíblia então escrita (o Antigo Testamento). A resposta que os novos convertidos davam à pregação missionária não era meramente emocional. Passava tanto pelo coração como pelo intelecto. Desde então, nesses 20 séculos de história, os bereanos são lembrados como exemplos para aqueles que desejam ter uma fé sólida e mais próxima possível da Revelação.
Cabe aqui a inquietante pergunta: essa raça de bereanos ainda é necessária? Em nenhum outro tempo, os meios de comunicação foram tão variados e disponíveis como agora, e nunca a liberdade de falar e escrever o que se quer foi tão grande. Antes, tínhamos apenas as Escrituras e outros livros. Depois, jornais e revistas. Depois, o rádio e a televisão. Depois, o fax. Agora, temos a internet. Por meio desses recursos, o crente recebe número sem conta de mensagens todos os dias, de procedência e linha doutrinária diferentes. A maior parte das pessoas engole tudo sem o menor cuidado. Daí a confusão reinante e o crescimento assustador não só de novas denominações cristãs, mas também de seitas e heresias.
Não se pode mudar de idéia nem de convicção só porque alguém ensina algo novo. Cada dia é preciso examinar as Escrituras para ver se tudo o que esse alguém transmite é de fato assim. Se essa pessoa se sente ofendida porque procedemos desse modo é péssimo sinal.
Nem sempre aquele que distorce as Escrituras age de má-fé. Às vezes, trata-se apenas de um equívoco de exegese, a que todos estamos sujeitos — não só o expositor leigo, mas também os doutores em Bíblia. Todavia, tanto a história de Israel como a história da igreja registram a presença e a pregação de falsos profetas que se infiltram no meio do povo e no meio dos crentes. Em ambos os casos, a preocupação dos bereanos é muito bem-vinda.
Não se trata de uma vigilância mesquinha e ruidosa, que sempre descamba para uma insuportável arrogância teológica, capaz de exagerar, mentir, denunciar, perseguir e dividir a igreja. Foi esse procedimento que deu origem à Inquisição, de triste memória.
Discreta e humildemente, o verdadeiro bereano trabalha com a sua consciência, busca fundamento bíblico para aquilo que ouve e lê. Quando alguma coisa o incomoda, não se cala nem se omite. Porém, ao levantar a voz não tímida, ele coloca sob cuidadosa vigilância o seu zelo pela Palavra de Deus.
Os tessalonicenses de ontem e de hoje são mais rápidos e menos profundos. Portanto, dão menos trabalho. Já os bereanos de ontem e de hoje são menos apressados e mais profundos. E correm menos riscos que seus vizinhos de Salônica, pois obedecem à instrução do Apóstolo do Amor: “Amados, não creiam em qualquer espírito, mas examinem os espíritos para ver se eles procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo” (1 Jo 4.1, NVI).
Revista Ultimato
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